quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Conto: Jahcom 2007

Era uma vez uma pobre gansa chamada Jahcom, essa gansa na verdade não era pobre em termos materiais nem em termos emocionais, espirituais talvez, mas não era algo que necessariamente a abalava, não mais pelo menos...o pobre foi colocado simplesmente para adjetivar a nossa ilustre protagonista.
Notaram como isso foi feito novamente?
Jahcom era uma gansa comum, filha de classe média, nunca passou muitas dificuldades na vida, seus pais são típicos comerciantes, que como bons protestantes que são, dedicam ( e assim dignificam, não é verdade?) a sua vida ao Deus trabalho. E como esforçados trabalhadores sabem o suor necessário para o sustento dos seus filhos, sempre fizeram questão de ensinar as verdades da vida para que suas crias pudessem fazer bao distinção do certo e do errado, exímios pais como todos os outros,dedicam a totalidade de sua vida sabendo que sua felicidade estará garantida e asegurada na vida melhor que seus filhotes, com certeza levaram. Assim prosseguem, vivendo em paz.
Parte II

Ainda sem título

Os pais de Jahcom já podem ser considerados nossos velhos conhecidos agora, não é verdade? É fácil visualizá-los, sua rotina de 12hrs dedicadas a sobrevivência, 8hrs de sono (afinal os médicos recomendam) e o bocado restante dedicados ao lazer, afinal nem só de pasto vive o ganso, é necessário o circo! ah, o bendito circo encaixotado na sala de estar, realmente uma beleza hein? Fantasias, amores, diversão e a bela vida desejada vivida pelos outros em apenas 45min diários e você nem precisa sair do sofá!
Pouco se pensa, menos se sofre e assim seguem zumbis respirando e contentes pois pelo menos fazem isso. Ah, caro amigo, imagino o que pensas " mas que horror! que forma de se viver!como não reagem?" Não o faça, não os culpe, se compadeça sim, de forma egoísta até, vendo o seu próprio reflexo neles ou de seus genitores, pois este é o destino da maioria dos gansos.
Espero que não o seu, mas na verdade você verá que não é tão ruim, é só seguir o fluxo do rio. Vamos lá, você é jovem e se diverte com seus amigos, sai com belas gansas e de repente você cresce e você precisa cumprir suas obrigações não é verdade? você tem uma função na sociedade e você precisa do pão, lógico que você faz o necessário, mas você se questiona" você é competente o suficiente?" você precisa de diplomas que te garantam a tal tão exigida empregabilidade, então corre atrás, se dedica e você precisa se esforçar pra ganhar um pouqinho mais pra poder ter direito a uma praia no domingão, afinal até o sabado você dedica aquela hora extra pra fazer aquela sonhada viagem no fim do ano. (senão o esforço não vale a pena!) De repente você cumpre a sua mais primitiva função biológica. Você nem esperava! Afinal está com a Júlia a quanto tempo? 10 anos já? puxa vida! mas você já está acostumado a presença dela, vocês não brigam mais tanto, tenho certeza que será uma boa mãe pros seus filhos. Meus parabéns!
Sua vida mudou tanto hein? claro, você precisa trabalhar mais, novas bocas dependem de você, a educação é tão cara e você só quer o melhor pros seus filhos, realmente as suas prioridades mudaram, nada de viagem mais mas pelo menos seus filhos vão aprender inglês, é necessário no mundo de hoje e você sempre achou tão bonito, quis aprender já mas nunca teve tempo. Você não fica triste, pelo menos não se sente assim, as vezes se sente frustado, como se estivesse sendo sufocado por alguma coisa invisível, mas não pode perder tempo pensando bobagens, melhor se concentrar no trabalho, afinal a empresa está fazendo corte do pessoal e você precisa garantir o seu... (não seria a hora de ver se o patrão não gostaria de um cafézinho?)
Parte III

E nossa protagonista? Por onde andará que não a encontramos ainda no desenrolar dessa estória? Calma, meus caros, não é por nada que a autora demora a sua aparição, é só mais um desses casos onde o texto segue por si só, os pais de Jahcom foi uma reflexão deveras interessante, apesar de não se constituir de forma exatamente original, mas no entanto me absorvi no desenrolar daquela idéia.
Jahcom, assim como a autora reflete sobre seus pais, além do natural medo do mesmo destino, ela pensa em como se relaciona com eles. Ama seus pais de forma pouco carinhosa é verdade, manifestações de carinho nunca foram especialidade do seio familiar ao qual fez parte, o que não torna a pobre gansa uma moça insensível, de maneira alguma, demosntra-se bem carente se der uma olhada mais de perto mas isso é assunto que surgirá mais para frente. Acha que na verdade a avaliação do laço sanguíneo seja um dos motivos que ela encontra para ter afeto por esses personagens.
Ela encontra muito defeitos nos seus pais, muito mais na figura paterna é verdadeiro, e na realidade o "amar apesar deles" é uma atividade de natureza difícil. Mas mesmo assim ela os ama e sabe que é também querida por estes.
Divaga as vezes se na realidade não é um sentimento de posse da parte deles ,tipo o cuidado com um jarro de porcelana chinesa valioso, típico de todas as formas de relacionamento pessoal da nossa sociedade comercial. Essa loja de conveniências que é a sociedade ociedental onde os genitores veêm a própria extensão nos filhos e assim amam na realidade a si mesmos e o seu umbigocentrismo não os permite visualizar que ali no seu filho, criado por eles, está não outro individuo e sim a "grande obra de suas vidas", ou seja algo pelo qual eles podem se orgulhar de ter feito. Ah, o orgulho da família! "o meu orgulhodo que realizei enquanto pai/mãe!","sou responsável pelo que está aí! desde que seja positivo claro, caso contrário más influências disvirtuaram minhs criança do caminho, a minha função eu cumpri!".
Mas uma vez espero que não estejam julgando os nossos personagens, não devemos fazê-lo, nem Jahcom por ela fazer esse tipo de analise tão fria sobre seus pais. Ela não se abstêm do processo do seu relacionemento familiar, caso for verdadeiro o seu raciocínio ela não os culpa. Até por que se questiona até onde pode ser considerado amor o que sente por seus pais, pois pensa se não existe uma identificação entre eles e seus momentos de convivência forçada sempre foram tão tumultuados e sempre tão evidentemente sucedidos por pura obrigação dessa relação parental como poderiam realmente se gostar? não, não, ela acha que é outra coisa, é gratidão e respeito pela vida perdida para gerar e manter a dela, é pena pelo mesmo motivo, é um sentimento complexo em alto grau mas que gera um desvelo imensurável de ambas as partes.
(incompleto)

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