terça-feira, 11 de janeiro de 2011

É D'Oxum!

Ano novo, vida nova? nem sempre, mas datas comemorativas funcionam como um bom alerta para reflexões de memórias e de expectativas. Esse ano quero ter um ano novo por mês, ter meu dia de reflexão de caminhos a trilhar, e quero fazer isso de forma quase sistêmica, nas mãos de uma cabeça de vento todas as ferramentas são úteis na corrida para que o almejado se torne fato.

mais nada a declarar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Meses sem escrever, e sem vontade de escrever. como pode? como passou tão rápido? a vida foi tão intensa? sim, mesmo em sua leveza, sinto que sinto o viver cada vez mais profundamente, mesmo no olhar o dia passar, e eles passam.
mas como pude, não registrar? Onde meus sentidos e sentimentos, as mais ilustres ferramentas do meu Eu, andaram se escondendo esse tempo? Guardei-as para mim? não, há muito teria sufocado. Compartilhei-as? sim, deve ter sido isso, disse-as em voz alta, em alto em bom tom sem realmente guardá-las para mim. será que isso quer dizer que são meses sem reflexões? espero que não, meses, tanta coisa, tanta vida, será que eu as disse em voz alta? compartilhei minha alma com os outros e as perdi no vento, não voltei-me para mim, tenho vivido com os outros e de certa forma pelos outros tanto assim? Se assim foi, me dei, dei meses de vida, esses não posso mais achar,não posso me achar, não a eu que vim sendo, não sem as reflexões que tive. Eu estava gostando da minha eu, mas percebo que me faltava ser mais comedida, compartilhar e não doar, não a si mesmo, isso não, não possuo registros de mim desses momentos. só os outros o tem e essa eu não me pertence.
É como se eu tivesse perdido retratos, e hoje eu os quisesse e só pudesse obtê-los com um retrato do retrato. Não importa o enquadramento, sempre saberei que estava olhando os retratos, não as coisas que aconteceram em si, essas passaram, compartilhadas ou não, passaram, assim como tudo em nossa vida, um rio de memórias visuais.
Eu tenho esses meses na memória comigo ainda, fácil de serem acessados, mas como o rio que segue, e quando você o olha um momento depois já não é o mesmo rio, o mesmo acontece com o lembrar o que eu hoje assumo que pensei; sem a certeza de que foi aquilo realmente. Retratos de retratos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

promessa não cumprida


prometi a quem devo,
a mim,
(e é importante ter isso em mente)
prometi não esperar.

na espera há coisas más inexplicáveis
monstros ansiosos
que teimam em devorar o eu por dentro
mestres do tempo
poderosos em transformar minutos em horas
cobras rastejantes
que sussurram inúmeras respostas,
inseguranças banhadas em peçonha
na espera não há nada de alguma forma positiva.
por isso a promessa
de não esperar.
promessa constantemente quebrada
pela própria fragilidade da promessa.
prometo.
espero.
não mais esperar.
assim espero.

Janelas Avulsas


Retomar a escrita é como dar a bandeira de largada em uma corrida sem local de chegada específico, é como correr dentro de um prédio com mil quartos que possuem escadas descontínuas, como se cada porta passada pudesse te levar desde o quarto ao lado ou ao que está abaixo de você, como um CUBO que se mexe. Sim, isto é referência a um filme. um que muito me agrada inclusive, e que há muito eu não pensava pois deve ter cerca de dois anos que o vi, mas isso só encaixa para que eu prove o meu ponto. Não sei onde vou parar, nem sempre tenho vontade de escrever sobre uma coisa especifica mas de por no papel as coisas que me vem a mente, muitas vezes de forma desordenada, não se trata de um texto que vá chegar a um ponto, a primeira frase pode não ter nada a ver com a última, embora eu possa tirar várias conclusões em seu decorrer. Como ganhar bônus em fases de um RPG.
Engraçado, como sempre que retomo a escrita acabo por falar da própria escrita. Creio que a fixação vem do gosto visceral que a mesma me proporciona, sinto-me desligada do mundo quando me mantenho sem escrever, vazia deveras. Na verdade tem uma importante lição de inércia nesse desenrolar, inicialmente o abandono da palavra se dá pela própria vida, quando ela realmente acontece, quando me deixo envolver na freneticidade que só a experiência do mundo pode fazer e depois quando a maré baixa, me sinto em uma bicicleta em uma declividade abaixo, não se trata e uma ladeira, não sinto meus cabelos ao vento somente uma leve brisa, serena, que me mantêm descendo, imóvel, então não há mais vida, há o dia a dia e nele não há o sabor que inspira o narrar, a essa altura mal me lembro do sabor da escrita, do prazer proporcionado. E assim eu mantenho esse ciclo, aproveitando essa corrida que é escrever, aproveito cada oportunidade que a inspiração de pensar escrito me dá, e quando a vida bate na minha porta, eu tento viver em vez de olhar o viver. Precisaria no entanto acabar com esta maldita lei física e me manter em movimento, sem parar para comodidade me pegar, manter o movimento sim, o passivo ou o ativo, desde que me mantenha agitada.
Outrora uma amiga fumante disse-me que os não-fumantes não poderiam compreender o suspirar que é o ato de fumar. Fumar e escrever, atividades contemplativas.
viva o olhar (d)a vida.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Negação


não queria, juro.

gostaria de dispensar
esse negativismo,
esse pesar egoísta.
egoísta sim.

esse machucado sem sentido,
surgido do outro também estar.
dor, não pelas injúrias alheias
mas por não ser partilhador delas no berço.

ah,se eu pudesse querer. quereria não ser parte.
isso. cumprir com a teoria
aquela. [ainda lembra dela?]
[você] chamava de liberdade
via amor nisso.
aí sim amor.

enquanto nessa injúria só vejo:
ego dependência
e obrigação.

renego-os! renego-os! renego-os!
já cuspi neste prato! cuspi e sorri!
mas eis o hoje no espelho,
com um sorriso malvado e bem mais largo que o meu.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ao som de Cartola...


Estou escrevendo por impaciência.
A leitura tem dessas coisas, a gente lê e sente, sente o que o autor quer dizer, fica triste, ri, ou no meu caso de hoje, fico impaciente, nem sempre é assim é lógico, dá de rir bastante também com leitura, dou gargalhadas até, povo me acha um pouco doida quando eu estou gargalhando olhando pro papel, dá de sentir o olhar deles por detrás da folha, eu nem falo nada, continuo lendo e rindo, povo é acostumado a rir com televisão e casca de banana, mas rir com papel é bom demais. Claro que eu sou banana e rio com as cascas também, ora pra que regular o riso? Prefiro regular a tristeza, não gosto de ficar triste quando vejo um filme, acho de um mau gosto absurdo chorar quando o diretor coloca a música de fundo e pensa “ e aqui, o público chora” eu sempre tento fingir que não deu certo, seguro mesmo o choro, é minha queda de braço com o diretor, cinema tem dessas, é muito manipulativo, se trata de despertar emoções, raiva, riso, tristeza. Mas é bom também, mas a alegria não vem, vem o riso, não dá de sentir alegria assistindo, a alegria não é coisa passiva é preciso fazer parte pra sentir sua brisa. Já ler é ativo, as palavras foram escritas por alguém mas você está lendo, você cria na sua cabeça como o personagem deve ser, o bonito é seu, não é que nem o Brad Pitt que já ta lá prontinho pra gente ver e já nos é indicado “ ó esse é o galã bonitão” e a gente “aaaaaah”. É bom de um jeito que só acontece com o papel quando você fica alegre lendo. É sim.
Hoje eu li Clarice, e agora me sinto meio lispectoriana, vendo o mundo do jeito dela, eu gosto disso, mas fiquei um pouco impaciente, é que uma coisa que foi muito martelada nos contos de hoje de manhã é que as vezes se morre na vida e as vezes a gente fica vazio, fica vazio e faz pipi ou vice versa, não se trata de uma epifania, essas coisas vem na gente de vez em quando mesmo, mas aí a gente esquece, então se trata mais de uma repifania, é acho que é isso. Aí estou aqui com muito ócio pra desenvolver e desenvolvendo mas ao mesmo tempo acho que queria gastar isso de outro jeito e não posso, não é nem por nada, é questão espacial mesmo, aí estou aqui, impaciente, meio morta, meio vazia, o outro meio, que é meio vivo e meio cheio está com saudades e com medo e eu me pergunto qual poderia ser mais interessante.
Não sei. Mas também não adianta me perguntar, não hoje, hoje só posso passar com o dia até que chegue amanhã. E se os eventos de hoje caminharem certinho, amanhã posso ir pra casa.
Prevejo alegrias ativas.



imagem: Munch

sexta-feira, 5 de junho de 2009


3 horas e o silêncio da madrugada
O cansaço me consome, mas não o sono.
Um copo d'água me leva a janela,
olhando através de mim, uma coruja.

Era a sabedoria me mandando acordar.