quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ao som de Cartola...


Estou escrevendo por impaciência.
A leitura tem dessas coisas, a gente lê e sente, sente o que o autor quer dizer, fica triste, ri, ou no meu caso de hoje, fico impaciente, nem sempre é assim é lógico, dá de rir bastante também com leitura, dou gargalhadas até, povo me acha um pouco doida quando eu estou gargalhando olhando pro papel, dá de sentir o olhar deles por detrás da folha, eu nem falo nada, continuo lendo e rindo, povo é acostumado a rir com televisão e casca de banana, mas rir com papel é bom demais. Claro que eu sou banana e rio com as cascas também, ora pra que regular o riso? Prefiro regular a tristeza, não gosto de ficar triste quando vejo um filme, acho de um mau gosto absurdo chorar quando o diretor coloca a música de fundo e pensa “ e aqui, o público chora” eu sempre tento fingir que não deu certo, seguro mesmo o choro, é minha queda de braço com o diretor, cinema tem dessas, é muito manipulativo, se trata de despertar emoções, raiva, riso, tristeza. Mas é bom também, mas a alegria não vem, vem o riso, não dá de sentir alegria assistindo, a alegria não é coisa passiva é preciso fazer parte pra sentir sua brisa. Já ler é ativo, as palavras foram escritas por alguém mas você está lendo, você cria na sua cabeça como o personagem deve ser, o bonito é seu, não é que nem o Brad Pitt que já ta lá prontinho pra gente ver e já nos é indicado “ ó esse é o galã bonitão” e a gente “aaaaaah”. É bom de um jeito que só acontece com o papel quando você fica alegre lendo. É sim.
Hoje eu li Clarice, e agora me sinto meio lispectoriana, vendo o mundo do jeito dela, eu gosto disso, mas fiquei um pouco impaciente, é que uma coisa que foi muito martelada nos contos de hoje de manhã é que as vezes se morre na vida e as vezes a gente fica vazio, fica vazio e faz pipi ou vice versa, não se trata de uma epifania, essas coisas vem na gente de vez em quando mesmo, mas aí a gente esquece, então se trata mais de uma repifania, é acho que é isso. Aí estou aqui com muito ócio pra desenvolver e desenvolvendo mas ao mesmo tempo acho que queria gastar isso de outro jeito e não posso, não é nem por nada, é questão espacial mesmo, aí estou aqui, impaciente, meio morta, meio vazia, o outro meio, que é meio vivo e meio cheio está com saudades e com medo e eu me pergunto qual poderia ser mais interessante.
Não sei. Mas também não adianta me perguntar, não hoje, hoje só posso passar com o dia até que chegue amanhã. E se os eventos de hoje caminharem certinho, amanhã posso ir pra casa.
Prevejo alegrias ativas.



imagem: Munch

2 comentários:

O herói sem nunhum caráter disse...

sobre musiquinhas pra chorar... por isso "dançando no escuro" é bem legal. sempre q a "hora de chorar" tá chegando rola uma musiquinha super-sem-vergonha, total corta clima

xêro

Gi Novais disse...

cheguei aqui por acaso e gostei do que li...parabéns!