terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Meses sem escrever, e sem vontade de escrever. como pode? como passou tão rápido? a vida foi tão intensa? sim, mesmo em sua leveza, sinto que sinto o viver cada vez mais profundamente, mesmo no olhar o dia passar, e eles passam.
mas como pude, não registrar? Onde meus sentidos e sentimentos, as mais ilustres ferramentas do meu Eu, andaram se escondendo esse tempo? Guardei-as para mim? não, há muito teria sufocado. Compartilhei-as? sim, deve ter sido isso, disse-as em voz alta, em alto em bom tom sem realmente guardá-las para mim. será que isso quer dizer que são meses sem reflexões? espero que não, meses, tanta coisa, tanta vida, será que eu as disse em voz alta? compartilhei minha alma com os outros e as perdi no vento, não voltei-me para mim, tenho vivido com os outros e de certa forma pelos outros tanto assim? Se assim foi, me dei, dei meses de vida, esses não posso mais achar,não posso me achar, não a eu que vim sendo, não sem as reflexões que tive. Eu estava gostando da minha eu, mas percebo que me faltava ser mais comedida, compartilhar e não doar, não a si mesmo, isso não, não possuo registros de mim desses momentos. só os outros o tem e essa eu não me pertence.
É como se eu tivesse perdido retratos, e hoje eu os quisesse e só pudesse obtê-los com um retrato do retrato. Não importa o enquadramento, sempre saberei que estava olhando os retratos, não as coisas que aconteceram em si, essas passaram, compartilhadas ou não, passaram, assim como tudo em nossa vida, um rio de memórias visuais.
Eu tenho esses meses na memória comigo ainda, fácil de serem acessados, mas como o rio que segue, e quando você o olha um momento depois já não é o mesmo rio, o mesmo acontece com o lembrar o que eu hoje assumo que pensei; sem a certeza de que foi aquilo realmente. Retratos de retratos.

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