quinta-feira, 11 de setembro de 2008


Nos meus dez anos não fiz nenhuma outra reflexão a não ser a de que eu me sentia velha. Não como quem acha que está mais perto de saída do que da chegada, não se trata desse sentimento, mas sim daquele de quem olha pra trás e acha que deixou o tempo passar.
Olhei o céu laranja, não o azul, esse do dia inteiro... o céu do crespúsculo, o céu poético que permite os suspiros e aconchega nosso corpo na areia quando olhamos o branco das ondas do mar e deixamos os pensamentos irem mais além. Enfim, olhava para cima e pensava em como a gente pode mudar tanto e não mudar nada ao mesmo tempo. Como cachorro que anda em voltas antes de deitar naquele mesmo lugar, desse mesmo jeitinho sentia que levava a vida, com altos e baixos, como quem anda de balanço e por mais que esteja se movendo está sempre revisitando os mesmos pontos.
Por isso me sentia velha, cansada de balançar de um lado a outro, não queria mais brincar e por onde olhasse não via melhores alternativas, rodar no roda-roda, subir e descer na gangorra, ou mesmo que fosse o escorregador, subir escadas e escorregar de formas repetidas, não pareciam ter objetivo... E foi por isso que me dei conta, ninguém mais estava perguntando isso, estavam todos de bom grado na sua ciranda então algo tinha que ter acontecido a mim.
O problema era justamente esse eu não queria ter que optar por um brinquedo como todos os outros, eu queria poder ficar parada olhando o mar por exemplo mas até pra isso se tem hora...

eu? com meus dez anos, estou velha e cansada de relógios.

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