domingo, 14 de dezembro de 2008

Madrugadas


Sentiu-se desconfortável,
tentava arrumar uma posição
que pudesse relaxar,
ainda que no chão gelado,
afinal quando deitara ali
sabia que não ficaria
acordada por muito tempo,
a claridade suave da lua
entrava pela janela e
refletia gélida em sua posição,
sentiu então o silêncio
e notou-se já acordando.
Olhou para os lados
procurando pela situação
que tinha deixado
no último instante em que estava desperta,
tateou em busca do barulho, nada,
suspirou quando notou-se só
em meio ao descompasso
de uma sala de estar após um festejo.
Levantou-se entre as garrafas e bitucas
sentia-se incrivelmente desperta
e sentiu que não gostaria de dormir naquele momento.
O silêncio da rua era cortado
pelos caminhões que nunca param,
a lua já ia alta,
quanto tempo se passava,
não sabia e não importava,
era ela com ela e somente isso,
na varanda decidiu balançar-se na rede,
no embalo das árvores
que os seus olhos, estáticos, admiravam,
respirou fundo,
sentiu o peito crescendo,
e ficou assim,
sentindo coisas,
até que sorrisos surgissem,
múltiplos e intervalados,
entre o esquecimento de um
e a percepção de um novo surgindo,
este último sorriso lhe fugiu,
não o buscou,
e agora não havia mais consciência,
durmira novamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei do "sentindo coisas", tão ou mais vago que a experiência subjetiva...